segunda-feira, 16 de março de 2015

Ih, noivei


O plano de casar aos 21 e ter o primeiro filho aos 23, estabelecido por volta dos 12, não só caiu por terra, como chafurdou na lama. Aos 21 eu estava saindo da faculdade, encarando o primeiro emprego com carteira assinada, e muito mais preocupada em comprar um guarda-roupas maior e recheá-lo com roupas da estação, coisa que eu só havia passado vontade até então.
Mais ainda: me sentia uma moleca. Foram necessários mais alguns pares de anos para deixar de fazer uma careta bem torta ao ouvir alguém me chamar de "mulher". Como, então, pensar em constituir família sem sentir-se suficientemente adulta para tal? Filho era uma realidade tão tão distante quanto o reino daquele simpático ogro verde. Eu tinha mais facilidade em me imaginar vestida de astronauta flutuando em volta da órbita terrestre do que amamentando uma criança.
Só que Deus (ou o destino, ou a sorte, ou o livre arbítrio, ou o que quer que você acredite que rege a vida na Terra) sabe o tempo certo das coisas e tratou de preparar o terreno com esmero e capricho. Me fez passar por provas e expiações antes de me (re)apresentar aquele com quem eu decidiria caminhar lado a lado, para sempre. Aquele que me faria ter a certeza de que vale a pena passar por cima de convicções infundadas e teimosas em nome de uma harmonia valiosa.
Foi aos 26 anos (3 meses e 18 dias) que eu reconheci num olhar a possibilidade de, enfim, ter concluído a minha busca (mesmo que inconsciente). Não foram necessários muitos dias mais para, enfim, me ver como mulher. Como esposa. Como mãe. Desde que ele permanecesse ao meu lado. Se ele quisesse, eu deixaria de caminhar sozinha, de querer resolver tudo sozinha, de almoçar, jantar, caminhar no shopping e assistir novela sozinha. E ele quis.
Ele quis e deixou isso muito claro desde o princípio. Ele nunca teve dúvidas: foi presenteado com a certeza inquestionável já no primeiro momento. A sensibilidade e a pureza que a mãe natureza sabiamente lhe conferiu fez com que ele me reconhecesse com uma facilidade impressionante.
Decidimos, enfim, oficializar o "encerramento das buscas" perante a sociedade. Resolvemos, inspirados e incentivados pelos nossos pais, passar a ostentar uma bela joia dourada no dedo anelar direito. Um símbolo permanente do compromisso de amor desmedido, parceria inquestionável e cumplicidade eterna que assumimos mutuamente.
No dia 13 de março de 2015, dei um passo importante (talvez o mais importante de todos) rumo ao meu futuro. Escolhi quem é que vai escrever esse futuro junto comigo. No coração, a maior certeza é o esforço que ambos farão para que essa união dê certo e renda bons frutos, tal e qual os lares onde cada um foi criado.
"Não me falta o tempo que passa, só não dá mais para tanto esperar". Não precisa mais esperar, meu amor. Eu cheguei.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Natural?

Cara, é incrível como o ser humano carece de bom senso. Há algum tempo vem rolando uma campanha para incentivar o parto normal. Isso porque o número de cesáreas (desnecessárias) cresceu considerável e assustadoramente nos últimos anos.
O raciocínio é simples: vamos informar as futuras mamães sobre os benefícios do parto normal, tanto para ela quanto para o bebê, para desestimular cesarianas DESNECESSÁRIAS. Vamos criar políticas públicas para que os médicos também passem a preferir e orientar as gestantes a optarem pelo parto natural. Se, ainda assim, a mulher preferir cortar a barriga por qualquer motivo, paciência.
Aí o ser humano, energúmeno que é, começa a distorcer completamente o objetivo nobre da iniciativa.
- "TODA mulher tem que ter parto normal, porque há décadas atrás era assim que funcionava".
- "A mulher que opta por uma cesárea não é mulher de verdade. Será uma péssima mãe".
- "Os médicos são todos açougueiros, interessados somente em fazer o parto o mais rápido possível e receber mais por isso".
TODA generalização é burra. Assim como tem mulher que opta por uma cesariana pela "facilidade", tem mulher que pari de maneira natural e joga a criança no lixo. Também tem mulher que faz cesariana porque um parto normal pode trazer riscos para ela e para o bebê.
Assim como existem médicos açougueiros interessados somente no dinheiro, existem aqueles que orientam e respeitam o livre arbítrio da futura mãe, deixando ela escolher o que é melhor pra ela.
A discussão virou um amontoado de generalidades com pouco ou nenhum fundamento quando, na verdade, todas as vertentes (mães, médicos e sociedade) querem a mesma coisa: partos seguros e crianças saudáveis.
O grito é um só: pelo direito à informação, pela remuneração justa dos médicos e pelo respeito ao direito de escolha da futura mãe.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

(Des)manual

Você passa por um ou dois (ou três) relacionamentos, amadurece, lê uma infinidade de “manuais emocionais” e acaba por adotar um discurso politicamente correto e coerente aos olhos da maioria. Entre tantos pontos, esse tal discurso preconiza que é preciso amar-se em primeiro lugar. Que você só será feliz com alguém se for feliz consigo mesmo. Que você deve manter a sua individualidade para que o relacionamento não fique “pesado”. Que você não deve colocar o outro acima de nada, mas em pé de igualdade com tudo o que lhe é caro.
Mas aí você conhece alguém. Alguém inadjetivável, com qualidades e defeitos tão sob medida que te faz questionar todos os manuais lidos até então. “Diferente” não é o suficiente para definir o que essa pessoa te faz sentir. Aliás, você pensa pensa e pensa e não consegue encontrar um mísero vocábulo capaz de traduzir o que se passa dentro de você.
E aí você começa a fazer de tudo por essa pessoa. Tudo aquilo que você sempre criticou observando casais aleatórios: namora depois de uma semana; diz que ama depois de 10 dias e que ama para sempre depois de 11; transporta pijama, chinelo e escova de dentes; diz que quer casar antes de completar 1 mês de namoro. E o mais louco de tudo isso, é que a outra pessoa também faz tudo isso por você.
Nesse momento você percebe que os tais “manuais emocionais” são um amontoado de besteiras e que, quando chega a hora, todas as regras e convenções vão para o espaço. Foda-se a sua individualidade! É no outro que você pensa primeiro. Danem-se os prazos, a cautela ou o que os idiotas parecidos com você vão pensar sobre essa pressa toda. Chegou a hora de falar igual criança, de inventar apelidos fofinhos, de elaborar declarações de amor diabéticas nas redes sociais, de querer (e tentar) ficar junto 24 horas por dia, de planejar um futuro a partir de uma certeza que vem do além.
A primeira briga acontece e você chora e grita e implora e se descabela para resolver a situação o mais rápido possível. O argumento de superioridade historicamente mantido por um orgulho tosco escorre pelo ralo e, de repente, você se vê reduzido a súplicas. Porque estar ao lado e não entrelaçar as mãos dilacera o teu peito como um punhal afiado. No primeiro beijo após a briga, saliva e lágrimas são uma coisa só, dando o tom da força do que sentem.
Inexplicável na medida de tudo que fora vivido antes. Compreensível na medida da fé que ambos mantêm. Inquestionável na medida da entrega palpável entre um e outro. A prova irrefutável de que manuais são sugestões, e não regras. Que não se aplicam quando o que o destino oferece foge de qualquer possível expectativa. E aí você se permite viver, se entregar, se atirar num penhasco de emoções com uma mão firme segurando a tua.
Chegou a tua hora!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Faz, vai?

Teste psicotécnico para ter acesso a um navegador de internet:

1 – O que você pensa quando vê um post no Facebook com foto de criança com um enorme tumor visível avisando que, a cada compartilhamento, R$ 0,15 serão doados para o tratamento:
A – “Vou compartilhar correndo, tadinha da pobre criança. Também vou aproveitar pra escrever um comentário com uma pequena oração para ajudar!”
B – “Sei que esse negócio de doação via Facebook não existe. Mas vou curtir para que apareça em mais timelines e as autoridades tomem conhecimento da existência dessa pobre criança”.
C – Afff!
-
2 – Qual a sua reação quando vê um post com uma imagem divulgando uma bolsa-auxílio inacreditável do Governo Federal, tipo bolsa-prostituta.
A – Que absurdo!!!! Esse governo é uma piada mesmo!! A gente trabalha honestamente, 10 horas por dia, para ganhar um salário de miséria... Bando de filho da p...
B – Hmmm, estranho. Mas a Dilma é bem capaz de fazer isso mesmo. Vale a compartilhada para o pessoal ficar esperto nas próximas eleições.
C – Afff.
-
3 – Qual sua opinião a respeito de hashtags?
A – Hash o quê?
B – Quanto mais, melhor!
C – Pra dar uma zoadinha, vale.
-
4 – Quando você comenta a foto de alguém...
A – Marca o nome completo da pessoa, já que quando você colocou a primeira letra do nome o Facebook te ofereceu essa opção maravilhosa.
B – Marca só o nome, sobrenome é desnecessário.
C – Cara, a foto é dela, não preciso marcar, ela vai ver que eu comentei.
-
5 – Quando você escreve e posta um texto maravilindo, que demonstra toda a sua inteligência, você...
A – Marca a galera toda no post. Quantas pessoas dá pra marcar? Umas 50? Massa!!
B – Envia o link para algumas pessoas especiais por mensagem. Só pra garantir que elas leiam.
C – Escrevi. Lê/curte/comenta quem quer. Ninguém é obrigado.
-
6 – Sua reação quando recebe a 500ª notificação do Candy Crush Saga.
A – Faz um post esculachando: Car@7lh&*&0, parem de me mandar essas merdas! Eu não jogo no Face!! Vai trabalhar, bando de vagabundo!
B – Faz um post educadinho, solicitando educadamente que as pessoas parem, por favor, de mandar esses convitinhos porque você não joga no Face.
C – Onde desativa essas notificações mesmo?
-
7 – Vê o milésimo post de uma pessoa que segue uma linha de raciocínio/ideologia completamente diferente da sua e que te incomoda profundamente.
A – Não aguenta mais e comenta chamando a pessoa de burra, perdida na vida, onde que já se viu pensar dessa maneira. O MUNDO INTEIRO sabe que não é assim que as coisas funcionam!
B – Pensa se vale a pena comentar. Se a pessoa vai desenvolver um sadio debate de ideias.
C – “Deixar de Seguir”, olha que maravilha!
-
8 – Você está terminando de fazer esse teste e pensando:
A – Que absurdo! Quem essa pessoa pensa que é pra avaliar se eu posso ou não ter acesso à internet????
B – Cara, faz sentido...
C – Velho, piada massa!
-
RESULTADO: Se você marcou a alternativa “A” em qualquer uma das questões, ou a alternativa “B” mais de 3 vezes, desligue o computador e vai ler um livro, assistir televisão, cortar a grama. Enfim, QUALQUER COISA que possa ser feita off line.
Se você marcou a alternativa “B” até 3 vezes, você ainda tem salvação. Converse com aquele seu amigo fã de Star Trek ou reflita um pouquinho antes de compartilhar coisas aleatórias. No fundo, no fundo, você sabe que tá fazendo coisa errada.
Se você marcou exclusivamente as alternativas “C”, tá de boa. Tranquilinho. Pode continuar rolando a timeline.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Privilégio de jornalista

"Não, credencial no pescoço não é privilégio. Descolar uma boca em evento restrito a “poucos e bons” muito menos. Privilégio de ser formador de opinião? Hoje, com as redes sociais e os reclames aqui ali acolá, todo mundo é formador de opinião. O quê? Privilégio de ser o Quarto Poder? Caraca, você insiste com esse Quarto Poder, hein? Já te falei que Poder com caixa alta é um troço tão decadente.

Quer saber? Privilégio de jornalista é ter um olhar que poucos têm, uma sensibilidade rara, um ouvido atento. Coisas simples. Assim."

- Duda Rangel

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Verbos

Comece uma nova vida. CORRA. Trilhe um novo caminho. VIAJE. Compre alimentos saudáveis. COMA. Limpe tudo com mais frequência. CONVERSE. Assista mais filmes e seriados. ENTENDA. A vida é mais simples do que parece. DOE. Se atreva ao desconhecido. ENCARE. Entenda que a dúvida é o prenúncio da certeza. MUDE. Esteja sempre por perto. MOSTRE. Mastigue devagar e sinta mais o sabor. APROVEITE. Sorria praquele desconhecido. QUESTIONE. Tome mais água. SINTA. Reclame com razão e agradeça com entusiasmo. FAÇA. Fale com calma e grite com emoção. LEIA. Esteja atento aos sinais. E SINALIZE!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A gente recorre no erro de esperar normalidade das pessoas. E esquece que a falta de bom senso é uma patologia quase epidêmica.

7 x 1

Acordei com aquele nó na garganta, sabe? Aquele típico de quem sofre uma grande decepção, um grande baque. A festa tava linda e eu me reconhecia em cada brasileiro que via com a camisa amarela em dia de jogo. Disse antes da Copa começar e repito: não era a hora de receber um evento desse porte numa casa bagunçada como a nossa. Mesmo assim, o brasileiro fez o que sabe fazer de melhor: ser hospitaleiro, alegre e festeiro. E, por um mês, foi bacana demais ver (quase) todo mundo na mesma vibe: são-paulinos, palmeirenses, gremistas, botafoguenses, todos lado a lado querendo a mesma coisa.
Uma pena ter acabado da maneira que acabou. Fico triste pela história manchada com uma derrota tão traumática. O choro do David Luiz e do Júlio César ecoou no coração de muita gente. Eles mereciam um desfecho menos dolorido. A gente também.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

É um desabafo, mas poderia ser uma oração

Que Deus afaste de mim os fanáticos e o fanatismo. Que afaste os que fazem da ignorância ancoradouro de desculpas e discursos vazios. Afaste também os portadores certos de decepção e de maus sentimentos. Que faça da dúvida o caminho para encontrar o que for certo, e da ansiedade o tempero moderado do desfecho feliz. Que os olhos que me cercam brilhem de satisfação e que os sorrisos transpareçam sinceridade. Que minhas mãos estejam sempre dispostas aos calos, meus pés aos passos, e minha alma à oração. Que seja recompensador quando for difícil, e leve quando faltarem forças. Que aproxime o que for bom, afaste o que não for, e me ajude a identificar ambos.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

tô com
( ) saudade de você debaixo do meu cobertor
( ) sintomas de saudade, tô pensando em você
( ) saudade do seu cheiro e desse seu cabelo preto
(x) fome

terça-feira, 10 de junho de 2014

Eu percebo que Deus fez (e faz) um bom trabalho comigo, todas as vezes que vejo situações que me inspiram. Olhando um profissional que desempenha com gosto e capricho o seu trabalho; um casal completamente apaixonado que se respeita e se completa; ou até mesmo uma pessoa que luta bravamente contra uma doença e dá como certa a vitória. Nada disso me desperta um resquício de inveja sequer, seja pela graça alcançada ou pela força para buscar. Meu coração simplesmente sorri, emana energias positivas e se inspira, porque sabe que eu faço jus e sou merecedora de coisas boas também.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Hoje nublou e desnublou infinitas vezes desde que amanheceu. É como se o clima concordasse em mostrar que mudanças repentinas são válidas. Arrependimentos também. Mas que a base, o azul cálido e místico, deve permanecer e insistir. Que as nuvens podem dar o ar da graça sempre que quiserem, mas a decisão de torná-las protagonistas ou coadjuvantes será, sempre e impreterivelmente, nossa.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Jornalismo no imaginário coletivo:

- Você que é jornalista, me explica uma coisa.
ou
- Já que você sabe de tudo, vai mesmo fazer 1ºC domingo?
ou
- Como assim você não sabe?? Você é jornalista!!
ou
- Não tem graça te contar alguma coisa. Você sempre sabe de tudo.
ou
- Aquilo lá que apareceu no jornal é verdade mesmo?
ou
- Como assim você não quer trabalhar na TV?????

¬¬

terça-feira, 15 de abril de 2014

"Você pode mentir para qualquer outra pessoa no mundo, mas você não consegue mentir para si mesmo". Seu pensamento é livre e imune de julgamentos externos. Mas não de autojulgamentos. Viver preso às próprias mentiras deve ser um inferno.